sexta-feira, junho 29, 2007

Internet: o que muda na escola?

Enquanto adultos de 43 cidades do Brasil decidiam o futuro da administração municipal, outro pleito movimentou muita gente que ainda nem possui título de eleitor. Crianças de todo o país fizeram campanha e votaram em bichos da fauna brasileira para ocupar o cargo de prefeito da floresta. A atividade, promovida pelo portal Educacional, envolveu 9.500 crianças de 88 escolas do país. O vencedor na educação infantil foi a onça. No ensino fundamental, deu golfinho. O projeto conjunto é uma das novidades que surgiram com a chegada da internet às escolas - uma novidade que, ao menos em tese, pode mudar radicalmente a lógica do ensino.



Projetos como o das eleições pipocam nas escolas mais plugadas, transformando o jeito de ensinar e aprender. Os colégios da rede privada investiram pesado em computadores. Só a escola Nossa Senhora das Graças, de São Paulo, gastou cerca de R$ 200 mil para turbinar o laboratório de informática. Afinal, esse é um quesito que chama cada vez mais a atenção dos pais na hora de matricular os filhos. ''Não é mais possível pensar a escola sem o computador'', diz Carlos Seabra, educador e diretor de tecnologia do Instituto de Pesquisas e Projetos Sociais e Tecnológicos. A questão, de agora em diante, é que alguns saberão como aproveitar a novidade para a melhoria do ensino, enquanto outros a usarão apenas como propaganda.



Uma escola paulistana investiu R$ 200 mil em novos computadores

Com erros e acertos, tanto o ensino privado quanto o público estão se adaptando. Alguns professores ainda assistem à transição com medo. Os que não se deixam apavorar colocam sua sede de conhecimento à disposição da novidade. Crianças e jovens, por sua vez, desvendam novos mundos e desenvolvem o raciocínio como nunca. ''No mundo da informação, o papel do professor é ensinar os alunos a buscá-la'', diz Márcia Blasques, do portal Klickeducação. O professor deixa de ser informador para ser formador. Por isso, equipar o laboratório sem mudar o estilo das aulas não basta. ''Escolas que têm projetos pedagógicos ruins usarão a tecnologia de maneira ruim'', diz Fernando Almeida, consultor em novas tecnologias da educação. ''O uso da tecnologia potencializará esse projeto fraco e desconexo, que só terá aparência de modernidade'', diz. Quem se limita a ensinar o que é e-mail ou o manuseio de programas de texto e planilhas está sendo tão ineficiente e enfadonho quanto aqueles professores que rabiscam tabuada na lousa. A chave está em ensinar os alunos a crescer na era da informação.



OS PRINCIPAIS PORTAIS
www.educacional.com.br
Líder no mercado, tem 465 mil assinantes de 238 escolas

www.klickeducacao.com.br
Pioneiro, tem 12.500 assinantes e ganhou três IBest

www.educarede.org.brAberto ao público, teve 1,3 milhão de pageviews em setembro

Para ajudar na tarefa, empresas e escolas montaram portais educacionais. São sites que oferecem pesquisa qualificada e atividades que vão desde simples salas de bate-papo até a escrita de livros com autores famosos como Ziraldo e Luis Fernando Verissimo. Oferecida pelo portal Educacional, a atividade encanta os alunos. No caso da oficina com Verissimo, as crianças podiam ser co-autoras de oito diferentes contos iniciados pelo escritor gaúcho. Hoje, estão plugadas no site 465 mil pessoas, entre alunos, pais e funcionários de 238 escolas. Pioneiro no setor, o Klickeducação foi ao ar pela primeira vez em maio de 2000. De lá para cá, angariou 12.500 assinantes. O site já venceu o prêmio IBest três vezes e, atualmente, integra o canal de educação da AOL. Depois de dois anos de sucesso, passou a cobrar em torno de R$ 20 mensais pelo acesso. Há quem acredite que as mensalidades transformam a internet em uma ferramenta elitista. Por conta disso, a Fundação Telefônica e a ONG Cenpec criaram o Educarede, site de conteúdo educacional aberto. Inicialmente, atenderia apenas escolas da rede pública. Mas pesquisas mostraram que 18% dos acessos são de instituições particulares.
Os colégios que conseguem fazer a ponte pedagógica entre o real e o virtual desenvolvem melhor a potencialidade dos alunos. O computador fez da educação um processo construtivista, em que professores e alunos aprendem juntos todo o tempo, e não se limitam mais a copiar o que está nos livros ou já foi dito por alguém.
A teoria construtivista diz que a melhor educação acontece quando o professor ensina o aluno e vice-versa, num modelo que elimina a postura de que quem dá aula é o detentor da verdade. Essa quebra na hierarquia é uma das novidades que mais assustam professores acostumados com o estilo tradicional.

Fonte:http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EDG67290-6014,00.html

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